Por que você, homem, deveria se preocupar com a desigualdade de gênero?

16 de setembro de 2024 - 8h20

(Crédito: Unsplash)

A desigualdade de gênero é uma questão que, muitas vezes, é percebida como um problema que afeta apenas as mulheres. No entanto, essa visão limitada ignora o impacto profundo que essa desigualdade tem na sociedade como um todo, incluindo os homens. Neste texto, gostaria de apresentar alguns argumentos para que você, homem, comece a olhar esse assunto com mais carinho e atenção.

Agora, pense nas mulheres que você ama – sua mãe, esposa, irmã ou filha. É alarmante saber que, apesar de muitas delas serem mais escolarizadas, elas ainda podem ganhar 21% menos que os homens, segundo dados do IBGE de 2022. Esse não é apenas um número; ele representa a realidade diária de muitas mulheres que fazem parte da sua vida. E quando falamos sobre o mercado de trabalho, a desigualdade fica ainda mais evidente: apenas 2,4% das posições de CEO no Brasil são ocupadas por mulheres, de acordo com um estudo da Deloitte de 2023. Esses números, somados a desafios como a violência doméstica e o assédio, tornam a urgência de pensarmos em uma mudança ainda mais clara.

Mas a desigualdade de gênero não se limita ao impacto nas mulheres. Esses mesmos estereótipos de gênero que impõem que “menino usa azul e menina usa rosa” também afetam você de maneiras profundas e muitas vezes invisíveis. Por exemplo, homens são frequentemente incentivados desde cedo a adotarem uma postura corajosa e desbravadora, o que pode se manifestar em comportamentos de risco, como a direção imprudente. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens representam cerca de 73% das mortes no trânsito globalmente, muitas vezes associados a comportamentos perigosos ao volante. Esse estilo de vida “Velozes e Furiosos”, promovido como ideal de masculinidade, coloca não apenas você, mas todos ao seu redor, em risco.

Além dos comportamentos de risco, a pressão dos estereótipos de gênero pode afetar profundamente a sua saúde mental e a de outros homens. Desde cedo, muitos aprendem que demonstrar vulnerabilidade ou falar sobre seus sentimentos é sinal de fraqueza. Essa imposição cultural contribui para um ciclo perigoso de repressão emocional. Um dado alarmante é que 4 em cada 5 pessoas que tiram a própria vida são homens, de acordo com a OMS. Essa estatística reflete não apenas o sofrimento interno, mas também a dificuldade que muitos homens encontram para buscar ajuda e expressar suas emoções. A expectativa de que você deve ser sempre forte e resiliente pode, na verdade, te levar a um isolamento devastador.

E qual a conclusão que podemos chegar? A desigualdade de gênero é um problema que afeta a todos, não apenas as mulheres. Quando você reflete sobre os impactos desses estereótipos em sua vida e na vida das pessoas que você ama, torna-se claro que essa não é apenas uma questão de justiça para as mulheres, mas também uma questão de bem-estar para os homens. Romper com essas normas prejudiciais de gênero é essencial para construir uma sociedade mais saudável, segura e justa para todos. Ao se engajar na luta pela igualdade de gênero, você não está apenas ajudando as mulheres, mas também criando um ambiente onde todos, inclusive você, podem prosperar sem as limitações impostas por papéis de gênero ultrapassados.