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Vulneráveis digitais: por que a inclusão digital é uma emergência?

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Opinião

Vulneráveis digitais: por que a inclusão digital é uma emergência?

Se procurar ao seu redor, certamente encontrará algumas dessas pessoas – e elas não são necessariamente vulneráveis sociais


4 de outubro de 2024 - 11h03

(Crédito: Shutterstock)

Você já ouviu ou leu o termo “vulnerável digital”? Se ainda não, tenha certeza de que irá, e se procurar ao seu redor, certamente encontrará algumas dessas pessoas – e elas não são necessariamente vulneráveis sociais.

Podemos incluir entre os vulneráveis digitais aquelas pessoas que não tiveram acesso à internet, a ferramentas digitais ou que tinham profissões analógicas. Se elas não ressignificarem suas carreiras, poderão, ao longo do tempo, se tornar também vulneráveis sociais. Um exemplo claro disso são os idosos. Muitos deles se encontram em situação de vulnerabilidade digital, não conseguindo concluir jornadas digitais em canais governamentais ou de empresas das quais são clientes. Apesar de serem consumidores ativos de produtos e serviços, muitas vezes não conseguem acessar ou usar adequadamente plataformas online, o que os coloca à margem de uma sociedade cada vez mais digital.

O Brasil é um país de dimensões continentais, com mais de 203 milhões de habitantes. Enfrentamos profundas desigualdades sociais e econômicas, o que infelizmente não é novidade. Contudo, no mundo da tecnologia, muitas vezes nos esquecemos de olhar para aquelas pessoas que ainda estão à margem desse progresso, sem acesso às ferramentas digitais.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 5,9 milhões de lares no país ainda não tinham acesso à internet em 2023. As principais barreiras são a falta de conhecimento para utilizar a rede e o custo elevado da conexão.

Esses desafios passam frequentemente despercebidos nas discussões sobre equidade de oportunidades, acesso à informação, capacitação, educação de qualidade e participação plena na sociedade. A internet, de fato, revolucionou o mundo corporativo e a vida cotidiana, mas também pode ter agravado as distâncias entre diferentes camadas sociais.

É aí que entra o conceito de letramento digital. Não basta fornecer acesso à internet e dispositivos tecnológicos; é crucial capacitar as pessoas para utilizá-los de forma efetiva. O letramento digital vai além da simples alfabetização tecnológica; ele capacita as pessoas a participarem plenamente do mundo digital, transformando-as de consumidores passivos em indivíduos ativos na economia digital.

Organizações como a SoulCode Academy desempenham um papel fundamental nesse processo. A SoulCode nasceu da necessidade de democratizar o acesso ao conhecimento digital, com um foco claro em formar pessoas que desafiem as expectativas – os chamados não-óbvios. Estes são indivíduos que não se encaixam nos perfis tradicionais que normalmente associamos ao setor de tecnologia. Eles vêm de diversas origens, muitos sem experiência prévia com tecnologia, mas com potencial imenso de adaptação e aprendizado.

O fato é que não saímos dos mesmos pontos de partida, não compartilhamos os mesmos recursos e, como resultado, não temos acesso às mesmas oportunidades. Uma pessoa que cresceu com acesso à internet vive uma realidade completamente diferente daquela que nunca teve esse recurso durante sua aprendizagem.

As experiências e conhecimentos adquiridos ao longo da vida moldam a visão de mundo e as habilidades de cada pessoa. Aqueles que tiveram acesso à internet desde cedo puderam explorar um vasto universo de informações, desenvolver competências tecnológicas e ampliar suas redes de contatos. Por outro lado, aqueles sem esse privilégio enfrentam dificuldades adicionais para se adaptar a um mundo cada vez mais digital e interconectado, o que limita suas chances de educação, trabalho e crescimento pessoal.

Diante desse cenário, é impossível não nos sentirmos inconformados positivamente. Não apenas pelo fato de milhões de brasileiros não terem conexão à internet em suas casas, mas também pela falta de debate frequente e incisivo sobre esse tema. A inclusão digital é uma questão central para a construção de um futuro inclusivo e equitativo, onde todos – inclusive os não-óbvios – tenham as mesmas oportunidades de participar e prosperar na era digital.

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