A IA não vai substituir seu trabalho, mas alguém com IA vai
Afinal, argumentam os apocalípticos, quem vai contratar redatores quando os textos podem ser feitos pelas máquinas?
A IA não vai substituir seu trabalho, mas alguém com IA vai
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5 de fevereiro de 2024 - 6h13
Para muita gente, a inteligência artificial (IA) entrou nas nossas vidas em novembro de 2022, com o lançamento do Chat GPT. De fato, esta ferramenta foi a primeira a nos oferecer uma interface amigável e tornar a IA generativa – aquela que cria respostas – acessível a qualquer pessoa. Mas, a IA faz parte da nossa vida há anos. Basta pensar em tudo que envolve reconhecimento facial e comando de voz, por exemplo.
A AI generativa é um diferencial muito relevante porque gera conteúdo novo, aproximando-se da inteligência humana. E digo que se aproxima porque, na minha visão, a inteligência humana é insuperável em muitas coisas. Mas é cada vez mais consolidada a opinião, com a qual compartilho, que estamos na era da IA, um cenário dinâmico que, de maneira contínua e inevitável, vai alterar todos os campos que envolvam o uso da inteligência.
Com a automatização dos processos, é difícil imaginar uma área que escape da IA. Nossas vidas pessoais são mediadas por meio de suas transações, via smartphone e aplicativos, em um cenário inédito que remodela nossa maneira de consumir. Pense em transporte por aplicativo. É bem comum ficarmos chateados quando percebemos que o carro pedido vai demorar sete minutos. Dez minutos? Você pensa seriamente em desistir e achar uma alternativa. E por quê? A razão é que, há algum tempo, nosso modelo de consumo vem sendo moldado por uma experiência quase mágica: você pede o carro e em três minutos ele aparece na sua frente. A IA tem tudo a ver com essa nova realidade.
Ao mesmo tempo que tem vantagens, o ritmo frenético das mudanças implode as estruturas conhecidas e traz inúmeras incertezas. Desde meados do ano passado, temos assistido algumas empresas de tecnologia do Vale do Silício optarem por privilegiar a IA. No campo do marketing, onde atuo há mais de 25 anos, não é diferente. Perdi a conta das conversas que ouço sobre o medo de perder o emprego para a IA. Afinal, argumentam os apocalípticos, quem vai contratar redatores quando os textos podem ser feitos pelas máquinas?
E é justamente aqui que penso estar o foco desta questão. Não é com a IA que se amplia o uso da IA. Acredito que os especialistas humanos serão substituídos por especialistas humanos que entendem de IA. Várias das empresas do Vale do Silício, inclusive, já estão contratando mais experts no tema, atendendo à demanda das áreas recém-criadas e expandidas de inteligência artificial. A boa notícia é que, para usar a IA você não precisa ser um expert, bastam alguns conhecimentos básicos.
Por isso, não tenho muitas dúvidas de que, para atender a esse mundo novo, é primordial que nós, trabalhadores, tenhamos desenvolvido uma mentalidade de aprendizado contínuo. A segunda boa notícia é que a gente já sabe fazer isso. A internet nem existia quando muitos de nós começamos a trabalhar. Aliás, para alguns, não havia nem o computador. É essa mentalidade aberta ao aprendizado que nos mantém em sintonia com as novas exigências do mercado e focados em obter o máximo com o uso desta tecnologia. Com este mindset, a IA se reconfigura como uma aliada.
Pensando um pouco além, a IA não apenas aprimora as habilidades técnicas, como ainda nos apoia no desenvolvimento das chamadas “habilidades do futuro”. Estão disponíveis várias ferramentas que podem ser um gatilho para sua criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas e uma melhor comunicação.
Mais do que isso, se bem utilizada, ela tem até um lado inclusivo. Por exemplo, quando ajuda a estruturar um texto da melhor forma, algo que pode ser difícil para alguns. E quantas pessoas perdem oportunidades profissionais por não falarem inglês? A IA pode reduzir um pouco essa limitação.
A IA, na verdade, não apenas capacita o indivíduo, mas também influencia transformações em nível organizacional. Empresas visionárias, como é o caso da Samsung, priorizam a capacitação de seus colaboradores no uso eficiente e ético da IA.
Quero destacar dois pontos que considero bastante relevantes na construção destas novas capacitações: os desafios éticos e de equidade. Não tenho dúvidas que garantir a acessibilidade universal às novas competências por meio da IA é fundamental para evitar e mesmo diminuir as atuais disparidades. Acredito que temos diante de nós a oportunidade de assegurar que todos os setores da sociedade estejam equipados para prosperar no novo paradigma. Isto importa.
Em síntese, a capacitação para o novo mundo do trabalho por meio da IA não é apenas uma possibilidade, mas uma necessidade imperativa. Ao integrar, de forma inteligente, a IA ao processo de desenvolvimento profissional, podemos não apenas enfrentar os desafios futuros, mas também abrir caminho para um amanhã no qual a colaboração entre humanos e IA seja a base de uma força de trabalho resiliente, adaptável e preparada para os avanços que estão por vir.
Termino com uma terceira boa notícia: a IA pode nos ajudar a equilibrar melhor a vida profissional e pessoal, fazendo tarefas que podem ser realizadas por uma máquina. Assim, teremos mais tempo para atividades que nos dão prazer e que só podem ser desempenhadas pela inteligência humana.
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