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Information Overload traz consequências à qualidade de vida e saúde mental

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Opinião

Information Overload traz consequências à qualidade de vida e saúde mental

O excesso de informação não é sinônimo de conhecimento e aprendizagem, pelo contrário, nos deixa ansiosas e pode ser fonte de teorias conspiratórias


16 de maio de 2023 - 8h42

(Crédito: Natalia Varlamova/shutterstock)

 

Nunca antes na história da minha vida e da humanidade tivemos acesso a tanta informação como na atualidade. Uma rápida pesquisa nas redes e você vai se deparar com diferentes termos cunhados para nomear os efeitos que essa enxurrada de informações vem provocando em nossas cabeças, alguns foram criados há mais de 50 anos.  

O termo “information overload” foi cunhado pelo escritor e futurista norte-americano Alvin Toffler nos anos 70 em seu livro “Future Shock”. Toffler argumentou que a rápida aceleração da mudança tecnológica e social na época estava criando um excesso de informações que as pessoas não conseguiam processar, levando a um estado de sobrecarga cognitiva e estresse.  

Toffler foi questionado e desacreditado em muitas de suas previsões futurísticas. Nós conseguimos nos adaptar com facilidade aos avanços tecnológicos, mas a quantidade de informações que estamos produzindo vem nos deixando expostos à desinformação e à fadiga informativa.  

A quantidade não garante a aprendizagem. Ainda que tenhamos acesso ao saber não significa que estamos aprendendo, muito pelo contrário, este é o momento em que crescem aos montes os terraplanistas, os negacionistas ou o movimento anti vacina, por exemplo. O sociólogo Zygmunt Bauman afirmava que o principal obstáculo que enfrentamos em direção ao conhecimento é o excesso de informações que não temos a capacidade de assimilar se referindo à ideia de que a quantidade crescente de informações disponíveis na era digital pode ser, em si mesma, uma barreira para a compreensão e o aprendizado. 

Bauman argumentava que, embora tenhamos acesso a um volume enorme de informações, muitas vezes elas são fragmentadas, superficiais e descontextualizadas, o que dificulta a sua assimilação e a construção de conhecimento significativo.  

O meu auto diagnóstico indica uma sensação de sobrecarga cognitiva e estresse. A sobrecarga de informações está causando efeitos negativos na minha qualidade de vida e na minha saúde mental, gerando ansiedade, insônia e fadiga. 

 Mas o meu problema é que eu vivo de conteúdo e informação. Eu sou jornalista e apresento um programa de informação na televisão, escrevo para diferentes veículos, apresento eventos de conteúdo, entrevisto profissionais em painéis de diferentes assuntos, produzo conteúdo nas redes sociais, e leio mais de um livro por semana.  

A minha vontade, nesse exato momento em que produzo mais um conteúdo e te ofereço informação sobre o exagero de informação, é sair correndo para um lugar qualquer no planeta onde não existam livros, televisão, celulares, internet e qualquer aparelho que tente me informar de alguma coisa. 

Me sinto infoxicada. Isso mesmo, eu não escrevi errado. É uma junção entre informação e intoxicação. Um termo usado para descrever a sobrecarga de informações que pode ocorrer na era digital. Sugere que a quantidade excessiva de informações disponíveis pode ter efeitos negativos na capacidade das pessoas de processar, compreender e tomar decisões com base nessas informações. Me sinto com uma sensação de sobrecarga cognitiva e estresse. 

Já faz um tempo que venho dividindo com meus colegas que estou cansada de tanto me informar, e venho questionando alguns dos eventos corporativos e painéis de discussão que participamos.  

Alguns são de 8 a 9 horas de conteúdo ininterrupto. Entra painelista, sai palestrante e nós ali sentados recebendo toda aquela enxurrada de informação e na maioria dos eventos não tem reflexão sobre o assunto que foi apresentado. Os painelistas conversam entre eles, mas não trocam e nem escutam a plateia, precisam terminar logo, pois na sequência vem uma outra conversa de um tema completamente diferente, mas eu nem tive tempo de processar o assunto anterior. Será que estamos fazendo certo? Será que essa fórmula é válida? 

Em um mundo onde a informação é tão facilmente acessível para quem está incluído no desenvolvimento, é necessário refletir sobre como estamos lidando com ela. A falta de tempo para reflexão e assimilação pode levar a uma compreensão rasa, dificultando a construção de conhecimento significativo que transforme positivamente a nossa sociedade. Precisamos buscar um equilíbrio entre o acesso à informação e a capacidade de processá-la e utilizá-la para tomar decisões fundadas e construir um futuro sustentável. 

 

 

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