Setembro amarelo e verde: a saúde mental dos profissionais com deficiência 

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Opinião

Setembro amarelo e verde: a saúde mental dos profissionais com deficiência 

Em um cenário onde diagnósticos como burnout e depressão apresentam números alarmantes, o tema ainda é pouco discutido e muito desafiador


4 de setembro de 2024 - 9h14

(Crédito: Shutterstock)

Setembro chega com cores e muita conscientização. Em um cenário onde diagnósticos como burnout e depressão apresentam números alarmantes, a saúde mental das pessoas com deficiência no Brasil é um tema ainda pouco discutido e muito desafiador. 

Por isso, é preciso compreender como as barreiras impostas por estruturas capacitistas impactam diretamente na vida e no trabalho de todos.  

Inicialmente, é preciso entender que a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) define pessoa com deficiência como alguém que tem um impedimento de médio ou longo prazo, seja físico, mental, intelectual ou sensorial, que em contatos com barreiras do meio, pode obstruir a participação plena na sociedade. 

Diante disso, compreendemos que o problema não está na pessoa e, sim, na falta de acesso pleno. E quando o acesso é limitado, o desconforto e a frustração de não ter o básico impactam diretamente na saúde mental de quem convive com uma deficiência.  

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, quase 28% das pessoas com deficiência avaliaram seu estado de saúde como ruim ou muito ruim, em comparação com apenas 3,4% das pessoas sem deficiência.  

A baixíssima taxa de inserção no mercado de trabalho, falta de educação acessível, ambientes e processos realmente inclusivos trazem muitas camadas de insegurança psicológica, social e financeira – o que resulta em altos níveis de estresse e ansiedade. 

De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, no Brasil, pessoas com deficiência recebem, em média, 31,2% a menos do que as sem deficiência, ou seja, precisam trabalhar pelo menos 30% a mais só para ter acesso às mesmas experiências.  

Assim, a limitação do meio acaba gerando um gap de socialização, especialmente em âmbitos profissionais, onde nós, que temos uma deficiência, somos uma minoria (em alguns lugares inexistentes).  

Exemplos de situações que profissionais com definciência enfrentam:  

– Falta de acessibilidade no processo seletivo, na clínica de exame admissional ou demissional e no dia a dia;

– Gestores que deixam subentendido que a pessoa só está ali devido à cota;

– Equipes que se reúnem em lugares onde a pessoa não tem acesso;

– Cobranças que não levam em consideração a realidade e condição da pessoa.

Tudo isso faz com que autoestima e autoconfiança sejam diretamente afetadas pela percepção do quanto as limitações estruturais e os estigmas associados à deficiência ainda estão presentes. 

Ambientes inacessíveis e falta de inclusão podem gerar frustração e ansiedade. Além disso, a adaptação a uma nova realidade pode ser desafiadora a todas as pessoas. Para quem tem uma deficiência, é ainda mais opressor quando essa realidade envolve: falta de acesso, tratativas desumanizadas e seu corpo tratado como domínio público.  

Setembro é um mês de conscientização sobre muitas pautas importantes. O Setembro Amarelo traz campanhas em relação à saúde mental, e o Setembro Verde aborda a causa da Pessoa com Deficiência, tendo como data principal o 21 de setembro, Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência.  

5 dicas para melhorar a saúde mental de pessoas com deficiência nos ambientes de trabalho 

1. Avaliar para melhorar: fazer constantemente auditorias, censos e avaliações para identificar os cenários e necessidades de aperfeiçoamento;

2. Promover a Conscientização: letrar e capacitar times e gestores sobre a causa de pessoas com deficiência, para que todos possam identificar barreiras atitudinais e oferecer novas possibilidades de adaptação;

3. Ambientes Acessíveis: investir em adaptações físicas e tecnológicas para promover e garantir a acessibilidade para todas as pessoas;

4. Políticas ESG: implementar políticas de cultura inclusiva na governança da empresa, dos processos seletivos aos demissionais;

5. Valorização das Habilidades: reconhecer as competências e os talentos dos profissionais, independentemente da deficiência, abrindo possibilidade de evolução profissional;

6. Suporte: oferecer atendimento psicológico, comitês de diversidade, grupos de apoio, política para compra de tecnologias assistivas, aprimoramento de processos internos acessíveis, entre outras iniciativas.

Em resumo, garantir a saúde mental dos profissionais com deficiência é um desafio multifacetado, em contrapartida, investir em inclusão, conscientização e apoio é a oportunidade perfeita para criar ambientes corporativos cada dia mais seguros, produtivos e saudáveis para todos. 

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