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Bravas e guerreiras, da Grécia a Paris 

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Opinião

Bravas e guerreiras, da Grécia a Paris 

Em 2024, Paris nos trouxe ótimas novidades. Que venha Los Angeles, em 2028


17 de setembro de 2024 - 11h35

(Crédito: Shutterstock)

Segundo a mitologia grega, os Jogos Olímpicos teriam sido criados por Hércules como homenagem ao seu pai, Zeus, o deus dos deuses. A celebração dos feitos atléticos era exclusiva para homens gregos livres, nas provas e na plateia. Mas você sabia que duas semanas depois desta arena machista, eram realizados os Jogos Heranos?  

Nesses eventos esportivos em homenagem à Hera, deusa protetora das mulheres e esposa de Zeus, só competiam mulheres e havia corridas a pé, indicando uma possível tradição de reconhecimento do valor e da capacidade atlética feminina, mesmo que em menor escala. 

Ainda entre os mitos gregos, há também Atalanta, corredora poderosa que desafiava homens em competições de corrida, com a condição de que o derrotado também perderia a vida. Atalanta venceu a maioria das corridas e mostrou que as mulheres podiam competir em igualdade com os homens. E ainda nos mostra que as mulheres sempre tiveram que lutar para serem reconhecidas como iguais, e como, mesmo em ambientes adversos, demonstraram excelência e coragem. 

Séculos depois, o fim das Olimpíadas de 2024 nos deixou alguns saldos sobre o tema. Para começar, a questão da paridade entre atletas homens e mulheres. Nos primeiros Jogos Olímpicos, em 1896, as mulheres foram completamente excluídas. Em 1900, na segunda edição dos Jogos modernos, sediada na mesma Paris, dos 997 atletas, 22 eram mulheres. E este ano, na 33ª edição dos Jogos modernos, ainda houve mais homens inscritos, por conta de algumas modalidades. O futebol, por exemplo, teve 16 equipes masculinas contra 12 femininas, o que evidencia que há áreas específicas que necessitam de maior atenção. Uma assimetria, não resta dúvida, mas não tão relevante no contexto histórico, repleto de obstáculos. 

Também na delegação brasileira paralímpica as mulheres estavam bem representadas: foram 156 atletas homens e 118 atletas mulheres. Foi a maior convocação feminina brasileira na história dos Jogos Paralímpicos, em quantidade e percentuais. 

Desde a criação do Grupo de Trabalho sobre Mulheres e Esporte pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), em 1995, há um esforço constante para eliminar o viés machista que marcou os Jogos. A mudança na Carta Olímpica em 1996, que incluiu o avanço das mulheres no esporte como um princípio olímpico, foi um marco importante nessa jornada. Outro avanço foram as orientações do Olympic Broadcasting Services, órgão que gera as imagens oficiais dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, para que os cinegrafistas gravassem homens e mulheres de modo a evitar “estereótipos e sexismo” nas transmissões. Sinal igualmente positivo pode ser dado à valorização dos esportes femininos. Bom exemplo foi o encerramento das Olimpíadas com a maratona feminina, no lugar da já tradicional prova masculina.  

Já a delegação brasileira teve, pela primeira vez, mais mulheres do que homens. Entre os 276 atletas classificados, 153 eram mulheres. E, mais importante do que a presença majoritária, foram as vitórias. Paris 2024 será lembrado como um evento no qual elas brilharam como nunca. Com 20 medalhas, o País alcançou seu segundo melhor desempenho em Olimpíadas, ficando atrás apenas de Tóquio 2020. No entanto, o que torna essa edição particularmente especial é o fato de que, pela primeira vez, as brasileiras conquistaram mais medalhas do que os homens, em um total de 12, incluindo três ouros, sete pratas e dois bronzes.   

Este feito destaca não apenas a capacidade das nossas atletas, mas também a evolução do esporte feminino no Brasil. Modalidades como a ginástica artística e o judô foram as mais vitoriosas para o País, com quatro medalhas cada. Beatriz Souza e Rebeca Andrade, por exemplo, trouxeram ouro para o Brasil, consolidando suas posições como referências em suas respectivas modalidades. 

Para mim, a conquista do bronze pela skatista Rayssa Oliveira foi especial. Eu a conheci em sua cidade natal, Imperatriz (MA), pouco antes de ela viajar para os Jogos. A Rayssa é a estrela da campanha de um de nossos smartphones mais recentes e os dois filmes focaram em sua trajetória. Na campanha, mostramos sua paixão pelo skate, que a levou a desafiar limites e sempre buscar a excelência. Durante as filmagens, caminhando ali pelas ruas de Imperatriz — que é daquelas cidades que ainda têm vizinhos que se sentam na calçada para conversar, no final da tarde —, vi que a o caminho percorrido por Rayssa é inspirador. Naquelas ruas tranquilas, vi jovens promessas — meninas, em boa parte — treinando em seus skates.  

Essas, e tantas outros atletas, tornam-se referências para muitas jovens brasileiras, que veem nessas trajetórias uma confirmação que o sucesso pode ser alcançado. É o caso do que já é conhecido como “efeito Rebeca”, com notícias de forte aumento nas buscas e matrículas de crianças e adultos nos centros de treinamento de todo o País que oferecem aulas de ginástica olímpica. São mulheres com poder de inspiração gigante.  

Sem falar no nosso time de futebol feminino, que levou a prata nos Jogos. Justo o esporte no qual a categoria masculina desfruta de salários e investimento em mídia assombrosamente maiores do que a feminina. Mas em que posição eles ficaram mesmo? Ah, verdade, infelizmente nem se classificaram.  

As vitórias das atletas brasileiras apontam o poder transformador do esporte na sociedade. Em um País onde o esporte feminino ainda luta por espaço e reconhecimento, cada conquista delas representa um passo rumo à igualdade de oportunidades e à quebra de estereótipos de gênero. Mais do que isso, esses resultados reforçam a importância de políticas públicas e investimentos direcionados ao desenvolvimento do esporte feminino no Brasil, desde a base até o alto rendimento. Um atleta brasileiro que chega aos Jogos já é herói, afinal boa parte não tem patrocínio ou apoio. É uma luta solo que aparece a cada quatro anos e que, por boa parte de nós, logo é esquecida. Devemos uma homenagem a essas pessoas que levaram a nossa bandeira e mostraram a nossa força. 

As Olimpíadas, além de serem palco para a exibição do melhor do esporte mundial, também são vitrine única para o marketing. A cada edição, empresas e marcas têm a oportunidade de se conectar com um público global, utilizando a plataforma olímpica para promover seus valores e propósitos. Para mim, um dos maiores legados de Paris 2024 para o marketing é a importância de estar aberto — para novas ideias, conexões e maneiras de interagir com o público.

Sou das que acredita que é a abertura para o novo e o eterno desejo de desafiar barreiras que nos faz evoluir como sociedade. Estar aberto significa aceitar o que é diferente, buscar o que é inovador e estar disposto a repensar estratégias e abordagens. No marketing, essa mentalidade de abertura é essencial para acompanhar as mudanças constantes do mercado e as expectativas das pessoas. 

Os Jogos Olímpicos de 2024 nos deram oportunidade única para refletir sobre como essa abertura pode ser aplicada em nossas estratégias de marketing. Nosso tema da campanha dos Jogos, “Open always wins”, adaptado para o Brasil como “Mente aberta sempre vence”, encapsula perfeitamente essa ideia. É uma mensagem poderosa que ressoa não apenas no contexto do esporte, mas em todos os aspectos de nossas vidas, incluindo a maneira como nos conectamos uns com os outros. 

A Samsung apareceu pela primeira vez como patrocinadora local dos Jogos Olímpicos de Seul em 1988 e se tornou uma Parceira Mundial nos Jogos Olímpicos de Inverno de Nagano 1998. Desde então, desempenhamos um papel crucial em sua transformação, ajudando os Jogos a se adaptarem a um ambiente digital em constante mudança — e redefinindo como atletas e fãs vivenciam este evento esportivo icônico. Este ano, em Paris, foi a 17ª vez que a Samsung patrocinou os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e sua 14ª vez como Parceira Oficial de Equipamentos de Comunicação e Computação sem Fio. Esses patrocínios são firmados porque existe um enorme alinhamento de valores: os Jogos promovem a comunicação entre os povos e exaltam a excelência, desafiando as barreiras.   

Nós, como empresa, também trabalhamos nos bastidores. Por trás dos estádios lotados e das competições de nível internacional, há um exército de funcionários e voluntários trabalhando para garantir o sucesso dos eventos. Nesta empreitada, foram usados cerca de 15 mil dispositivos Galaxy para dar suporte à sua força-tarefa no COI, nos Comitês Organizadores dos Jogos Olímpicos, nos Serviços de Transmissão Olímpica e nas Federações Internacionais. Da gestão da venda de ingressos e entrada em estádios até a facilitação das transmissões de eventos, os dispositivos Galaxy foram usados por funcionários ou voluntários para oferecer operações eficientes e contínuas. 

Outro aspecto importante do legado olímpico para o marketing é o papel da tecnologia — que tem o poder de abrir mentes e corações, conectando pessoas de diferentes culturas e origens. Nos Jogos, vimos como as inovações tecnológicas podem transformar a maneira como as histórias dos atletas são contadas, como as competições são transmitidas de um ponto de vista muito mais próximo e como os fãs se envolvem com o evento. Para o marketing, isso significa que devemos estar sempre atentos às novas tecnologias e às maneiras como podem ser usadas para criar experiências mais ricas e envolventes para as pessoas. 

Em 2024, Paris nos trouxe ótimas novidades. Que venha Los Angeles, em 2028!  

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